Empresários brasileiros foram surpreendidos nesta quarta-feira (24) com a decisão do governo da Venezuela de aplicar tarifas de importação que variam entre 15% e 77% sobre mercadorias vindas do Brasil. A medida contraria o Acordo de Complementação Econômica nº 59, firmado em 2014 entre os dois países, que previa isenção tarifária para produtos com certificado de origem.
A nova taxação, além de inesperada, ameaça diretamente o fluxo de exportações brasileiras, especialmente em estados de fronteira como Roraima, que mantém intensa relação comercial com o país vizinho. Entre os produtos mais afetados estão alimentos, medicamentos, bens industrializados e insumos agrícolas.
A Câmara de Comércio Brasil-Venezuela já iniciou uma apuração para entender o que motivou a mudança. Há duas hipóteses em discussão: uma falha burocrática que teria suspendido temporariamente o reconhecimento do acordo, ou uma decisão política do governo venezuelano, ainda sem explicação oficial.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Embaixada do Brasil em Caracas foram acionados e estão em contato com autoridades venezuelanas para buscar a reversão da medida.
Até o momento, o governo da Venezuela não se pronunciou publicamente sobre o assunto.
A imposição das tarifas acende um sinal de alerta sobre a instabilidade nos acordos comerciais com o país comandado por Nicolás Maduro, especialmente em um momento em que o Brasil busca ampliar a integração regional e fortalecer o comércio bilateral na América do Sul.