Uma investigação inédita da organização Civilization Works levanta sérias questões sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no contexto dos atos de 8 de janeiro de 2023. O relatório aponta que o tribunal teria criado uma força-tarefa secreta, sem respaldo legal, para monitorar postagens em redes sociais e utilizá-las como base para prisões e processos contra manifestantes — inclusive aqueles que não participaram diretamente de atos violentos.



Segundo a apuração, o grupo atuava sob a coordenação de Kusahara, que repassava ordens do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do STF. As ordens incluíam a exigência de agilidade e volume nas ações. Participaram da operação também integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre eles Eduardo Tagliaferro, responsável pela unidade de combate à desinformação do tribunal.
Como funcionava a operação, de acordo com a investigação:
Listas de detentos da Polícia Federal eram encaminhadas à força-tarefa. Dados biométricos dos envolvidos eram cruzados com o sistema GestBio, do TSE, sem autorização judicial, segundo a denúncia. A equipe, então, acessava as redes sociais dos identificados e produzia relatórios classificando os detentos com base em suas postagens políticas.
De acordo com o relatório, diversas pessoas teriam sido detidas unicamente por críticas ao governo ou posicionamentos políticos nas redes, sem que houvesse provas de envolvimento em ações criminosas. Além disso, a investigação aponta que houve desrespeito a prazos legais e garantias fundamentais, sob o argumento de proteger a democracia.
A denúncia contradiz o discurso oficial do STF, que sempre afirmou agir com isenção e dentro dos limites constitucionais. Agora, com a proximidade das eleições de 2026, o conteúdo desse relatório pode reacender debates sobre o equilíbrio entre segurança institucional, liberdade de expressão e o uso político do sistema de Justiça.