O Partido Liberal (PL) em Pernambuco vive um dos momentos mais tensos e públicos de sua história recente. A disputa interna — descrita por aliados como uma verdadeira “quebra de braço” — opõe, de um lado, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, apadrinhado por Jair Bolsonaro, e do outro, Anderson Ferreira, presidente estadual da legenda e aliado de longa data do presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto. A divergência ganhou novos episódios nesta semana, evidenciando farpas, ataques diretos e forte impacto sobre os rumos do partido para as eleições de 2026.
O Estopim do Conflito
Nos últimos dias, Anderson Ferreira voltou a público para criticar o projeto de Gilson Machado de disputar o Senado, rotulando a movimentação como ambição pessoal que ameaça a unidade do campo conservador pernambucano. Ferreira defende que o PL deve lançar candidatura única ao Senado para não dividir o eleitorado e se referiu a Machado como alguém que “se autointitula candidato” .
Em resposta, Gilson Machado reagiu imediatamente, classificando os ataques de Anderson como “violência verbal desnecessária” e reafirmando sua posição como representante legítimo do bolsonarismo em Pernambuco. Machado destacou a diferença entre as articulações do grupo bolsonarista e os interesses do comando do PL local, afirmando que “a articulação do bolsonarismo é uma coisa e a do PL é outra” .
Troca de Farpas e Acusações
Os embates, apelidados por interlocutores de “cepas trocadas”, têm sido marcados por declarações cada vez mais duras. Anderson, ao criticar Machado, utilizou metáforas alusivas ao reino animal para desqualificar a estratégia do adversário, sugerindo que “quem tenta voar mais alto sem preparo acaba caindo” . Por sua vez, Gilson acusou os Ferreira de não apoiarem as visitas recentes de Bolsonaro ao estado e reforçou que sua pré-candidatura tem a bênção do ex-presidente, elemento que considera fundamental para o eleitor bolsonarista em Pernambuco .
Nos bastidores, aliados de Anderson destacam sua longevidade no comando do PL-PE e avalizam a estratégia de Valdemar Costa Neto de apostar em quem “tem voto”. Já partidários de Gilson Machado ressaltam a força do ex-ministro junto à base conservadora e criticam a tentativa de isolar novas lideranças trazidas ao partido pelo bolsonarismo desde 2022 .
O Impacto para 2026
A divisão interna no PL-PE, que já teve reflexos desde as eleições municipais de 2024, pode ser decisiva para as pretensões do partido nas urnas em 2026. O diretório local vive uma disputa sobre quem será o nome da direita ao Senado, com possibilidade de a crise forçar até mesmo saídas do partido. Gilson Machado chegou a ventilar, inclusive, a desfiliação caso Bolsonaro opte por outro caminho partidário para viabilizar sua candidatura .
Especialistas apontam que a disputa revela, além de questões individuais de poder, o desafio do PL em equilibrar novas lideranças e interesses regionais diante de uma sigla que se agigantou na esteira do bolsonarismo — e que agora precisa administrar suas contradições internas para permanecer coesa e competitiva .
Possível Desdobramento
Com duas vagas ao Senado em disputa e Bolsonaro envolvido em articulações nacionais, o desfecho da “quebra de braço” pode ainda passar por intervenções vindas de Brasília, ou resultar em candidaturas de diferentes campos da direita em chapas separadas. O cenário deixa o eleitor conservador em Pernambuco em meio à indefinição sobre qual liderança, afinal, irá capitanear o projeto bolsonarista no estado.
O PL-PE segue rachado, com as “cepas” de Gilson Machado e Anderson Ferreira trocando ataques públicos, cada qual tentando se legitimar junto à base do partido e ao eleitorado fiel a Bolsonaro. O desfecho desse embate será peça-chave para reconfigurar o tabuleiro eleitoral pernambucano — e servirá de termômetro para a unidade (ou fragmentação) da direita, tanto no estado quanto no cenário nacional