Por Redação | Eleições
O Partido Liberal (PL), que integra a bancada independente na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), sinalizou uma nova mudança de posição. Após ter ajudado a oposição com três assinaturas no requerimento de criação da CPI que investigaria a licitação da publicidade do Governo Raquel Lyra, o partido deve recuar e adotar uma postura mais favorável à governadora.
A informação foi confirmada pelo deputado Renato Antunes. Segundo ele, o PL não vê “fato determinante” que justifique a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito. “Não dá para apoiar uma CPI sem um motivo claro. Não concordamos com isso nem com a estratégia de travar a Alepe, como estão fazendo com os projetos de empréstimo da governadora”, afirmou.
A nova posição, ainda de acordo com Renato, será debatida internamente pela bancada. Caso necessário, o grupo deve até trocar a liderança partidária na Casa. O atual líder, Abimael Santos, pode ser substituído por Nino de Enoque, que já declarou apoio à governadora. Renato, Nino e Joel da Harpa estão alinhados com essa mudança. Com cinco deputados na bancada, os três formam maioria suficiente para determinar a nova postura do PL na Alepe.
A virada do PL deve beneficiar a base governista. Com as assinaturas de Feitosa, Abimael e Joel já registradas no requerimento da CPI, o recuo da legenda tende a permitir que o governo fique com a presidência e a vice-presidência da comissão, deixando à oposição apenas a relatoria.
Apesar da mudança de rota, Renato Antunes reforça que o partido manterá sua independência. “Não estamos à serviço do Palácio nem de João Campos. Uma CPI sem fato concreto serve apenas como palanque político antecipado para o prefeito do Recife, e o PL não vai participar disso”, declarou.
Ele também revelou que o apoio anterior às mudanças nas comissões permanentes foi condicionado a um acordo para que o PL ocupasse três presidências, o que foi cumprido. “Mas se soubéssemos que o objetivo era paralisar o governo, como agora com os empréstimos, não teríamos concordado”, completou.
Feitosa pode ficar isolado
A decisão da bancada pode isolar o deputado Alberto Feitosa (PL), presidente da Comissão de Justiça e principal articulador da estratégia que deu à oposição o controle dos principais colegiados da Alepe no início do ano. À época, em articulação com o PSB e parte do União Brasil, Feitosa ajudou a eleger Abimael Santos como líder do PL, garantindo para si a presidência da Comissão de Justiça. A Comissão de Finanças ficou com Antonio Coelho (União Brasil) e a de Administração com Waldemar Borges (PSB).
Durante o recesso, o PL já discutia internamente uma reaproximação com a governadora. Nesta terça-feira, para surpresa de muitos, Feitosa alterou sua postura. Após meses travando votações importantes, como a sabatina do novo administrador de Fernando de Noronha e a liberação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão, o deputado marcou a sabatina de Virgílio Oliveira para a próxima terça-feira e anunciou que o pedido de empréstimo será votado na reunião do dia 19.
Mandato assegurado
Mesmo com o PL se reaproximando do Governo e abandonando o apoio à CPI, Alberto Feitosa continuará à frente da Comissão de Justiça. Isso porque a mesa diretora da Alepe estabeleceu que os mandatos de presidentes e vices das comissões são de dois anos, sem possibilidade de substituição, nem mesmo por decisão do próprio partido. Feitosa também segue como membro da Comissão até o fim de seu mandato, em 2026.