Recife (PE) — A ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade-PE) já se apresenta como pré-candidata ao Senado Federal em 2026, mas enfrenta obstáculos internos e articulações políticas que podem levar, mais uma vez, ao seu afastamento de uma disputa majoritária.
O cenário remete ao que ocorreu em 2022, quando Marília foi retirada da corrida pelo governo de Pernambuco pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em nome de uma aliança nacional com o PSB. Agora, a possibilidade de ser novamente preterida preocupa seus aliados mais próximos.
O plano de Marília seria compor a chapa encabeçada por seu primo e atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), favorito à sucessão estadual, com apoio do presidente Lula. A aliança, no entanto, está longe de ser unânime.
Aliados de Campos apontam dois entraves centrais à participação de Marília na chapa majoritária:
O peso político limitado do Solidariedade — partido ao qual Marília está filiada — numa coligação que deve envolver siglas mais robustas, como PSB, PT e Republicanos. O vínculo familiar — a presença de dois membros da família Campos-Arraes na mesma chapa pode alimentar o discurso da concentração de poder, algo que setores da oposição já chamam de “dinastia familiar”.
Nos bastidores, nomes com mais força nos acordos partidários nacionais e estaduais estão cotados para a vaga ao Senado, entre eles:
Silvio Costa Filho (Republicanos), atual ministro dos Portos e Aeroportos; Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina; Humberto Costa (PT), senador com mandato até 2026, mas que poderia buscar reeleição.
Diante desse contexto, interlocutores próximos ao prefeito de Recife avaliam que Marília pode ser deslocada para uma candidatura à Câmara Federal ou, caso insista, optar por uma candidatura avulsa ao Senado — movimento que dividiria o campo da esquerda e repetiria o cenário fragmentado de 2022.
Marília já oficializou sua decisão de disputar o Senado e tem circulado o estado em agendas políticas com tom de pré-campanha. A expectativa é que ela tente consolidar sua viabilidade eleitoral antes das definições partidárias, buscando apoio direto da base lulista e de segmentos da população que ainda a veem como alternativa fora do “sistema tradicional” das alianças.
Por ora, tudo indica que a costura nacional pode mais uma vez atropelar os projetos de Marília. A dúvida que fica é: até que ponto ela aceitará, novamente, o papel de coadjuvante?