O falecimento do Papa Francisco, ocorrido na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos, repercutiu intensamente no cenário político brasileiro. O pontífice, que liderou a Igreja Católica por 12 anos, manteve relações distintas com os presidentes brasileiros durante seu papado, desde encontros calorosos até distanciamentos marcados por divergências ideológicas.
Francisco esteve no Brasil pela primeira e única vez em 2013, logo no início de seu pontificado, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Na época, a presidente Dilma Rousseff (PT) o recebeu calorosamente. O evento foi marcado por discursos em defesa da juventude, da paz e da justiça social — temas que sintonizavam com a linha ideológica do governo petista à época. Dilma chegou a afirmar que o Papa “trazia uma mensagem de esperança e inclusão”.
Com Michel Temer (MDB), o contato foi protocolar. Não houve encontro direto entre os dois, e as manifestações se deram por meio de notas diplomáticas. Ainda assim, o Vaticano manteve relações estáveis com o governo brasileiro durante o período.
Já com Jair Bolsonaro (PL), a relação foi marcada por tensões. Embora o então presidente tenha enviado uma comitiva ao Vaticano em 2020, composta por ministros e parlamentares, Francisco não recebeu pessoalmente Bolsonaro. Pontos como a defesa ambiental e a postura em relação à Amazônia geraram atritos indiretos, especialmente após a publicação da Exortação Apostólica Querida Amazônia, em que o Papa criticou o descaso com os povos indígenas e o desmatamento.
No atual governo Lula (PT), o diálogo foi reaberto. Lula e Francisco se encontraram em junho de 2023, no Vaticano. Na ocasião, discutiram temas como o combate à fome, mudanças climáticas e justiça social. O encontro foi visto como simbólico e reafirmou a afinidade entre o pontífice e o atual presidente. Após a confirmação da morte de Francisco, Lula decretou luto oficial de três dias no Brasil.
O Papa Francisco deixa um legado de diálogo, humildade e firme posicionamento em temas sociais, ambientais e de justiça. Sua atuação como líder religioso e figura política influenciou não apenas a Igreja, mas também o debate público em países como o Brasil.



