O protesto organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), nesta semana, expôs as tensões entre o Governo Raquel Lyra (PSD) e a Assembleia Legislativa (Alepe). A presidente do sindicato, Ivete Caetano, liderou a mobilização contra a não votação do reajuste salarial de 6,27% para os profissionais da educação, e cobrou diálogo entre os poderes.

Nas galerias da Alepe, o clima oscilava entre vaias a deputados ausentes e aplausos à oposição, sem distinção ideológica. O deputado Alberto Feitosa (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi um dos que mais incentivaram os professores a irem até o Palácio do Campo das Princesas pressionar o Governo.

No Palácio, Ivete Caetano e uma comissão foram recebidas pela governadora Raquel Lyra, que reafirmou o interesse em aprovar o reajuste. No entanto, ela condicionou o avanço do projeto à aprovação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão na Alepe — ponto central do impasse.

Durante a reunião, a sindicalista cobrou compromisso: “Vocês cederam de um lado, nós cedemos de outro. Por isso fazemos esse apelo para que possamos comemorar juntos.” Já Raquel Lyra alegou que, sem o empréstimo, o Estado não terá condições de avançar com investimentos e honrar compromissos como o reajuste da categoria.

O encontro teve participação do deputado João Paulo (PT), que acusou setores da Assembleia de anteciparem o debate eleitoral de 2026. Segundo ele, há uma aliança informal entre bolsonaristas e o PSB contra o Governo.

Do outro lado, o deputado Waldemar Borges (PSB) rebateu: “A governadora é quem ainda não desarmou o palanque. Ela, sim, está antecipando as eleições”, afirmou.
Já o presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB), voltou a criticar a articulação do Governo, acusando a gestão estadual de esvaziar o plenário em momentos-chave.
Professores “usados”?
Na tribuna, o deputado Renato Antunes (PL), que se declara independente, criticou o que chamou de “instrumentalização da categoria”. Segundo ele, os professores estariam sendo “usados neste circo chamado guerra eleitoral” e pediu humildade tanto ao Governo quanto à presidência da Assembleia.
Vice-líder ausente
Joãozinho Tenório (PRD), vice-líder do Governo na Alepe, não participou da sessão. Em nota, defendeu que os presidentes das comissões parlamentares aceitem dialogar, alertando que a paralisação afeta não apenas o Governo, mas o próprio Estado.
Fundo do São João também depende da Alepe
Durante o encontro com o Sintepe, Raquel Lyra mencionou outro entrave na Alepe: a liberação de um crédito de R$ 50 milhões para os festejos juninos. Segundo a governadora, os recursos permitiriam firmar convênios com prefeituras e efetuar o pagamento de artistas. Como exemplo, ela citou uma dotação de R$ 1 milhão destinada a Petrolina, ainda parada na Comissão de Finanças.