A passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, nesta quarta-feira (28), é mais que uma agenda institucional — é um ato carregado de significado político. Lula vem para autorizar a ampliação da capacidade de bombeamento da EBI-3, estrutura vital do Eixo Norte da Transposição do Rio São Francisco. O gesto, que trata da sobrevivência no semiárido, também movimenta as peças do tabuleiro eleitoral de 2026.
O palanque montado na Estação do Forró reúne adversários que, por ora, se unem em torno da pauta da água. De um lado, a governadora Raquel Lyra (PSDB), do outro, o prefeito do Recife, João Campos (PSB) — ambos cotados para a sucessão estadual. A cena pode até sugerir harmonia, mas por trás dos bastidores, é clara a disputa por protagonismo e proximidade com o presidente.
Em Salgueiro, Lula teve quase 81% dos votos válidos no segundo turno de 2022. A recepção calorosa reforça seu capital político no interior, especialmente em pautas como infraestrutura hídrica, ainda tão sensíveis à população sertaneja.
Fora do palanque, a temperatura também sobe. O prefeito Fabinho Lisandro, recém-filiado ao partido da governadora, aproveitou a visita para anunciar que este será o último evento político na Estação Ferroviária. Segundo ele, o local deve ceder espaço a um câmpus da Univasf. A oposição, liderada pelo ex-prefeito Marcones Sá (PSB), contesta a ideia e alerta para problemas de mobilidade que a mudança pode causar.
Entre acordos institucionais e tensões eleitorais, Lula se equilibra como figura central de um palco onde a água é o tema oficial — mas o futuro político do estado corre nas entrelinhas.