Por Eleições Brasil Sertão
A pré-campanha para as eleições de 2026 começou a provocar movimentações intensas — ainda que, em alguns casos, discretas — dentro das igrejas evangélicas de Pernambuco. No centro desse tabuleiro político-religioso está a Assembleia de Deus, maior denominação evangélica do estado e, há anos, uma força determinante na eleição de candidatos conservadores. A fidelidade do rebanho, nesse contexto, tem se revelado um capital político valiosíssimo.
Nos bastidores, o que vem tirando o sono do deputado federal Pastor Eurico (PL), um dos nomes mais consolidados do segmento, é a crescente aproximação entre o ex-prefeito de Toritama, Edilson Tavares (PP), e o deputado estadual Adalto Santos (PP). Ambos de perfil conservador e com forte inserção no meio evangélico, os dois articulam uma possível dobradinha que começa a ganhar corpo dentro das igrejas e ameaça diretamente a hegemonia construída por Eurico ao longo de vários pleitos.

Edilson, que ganhou notoriedade por sua gestão moderna e bem avaliada em Toritama, tem intensificado visitas a congregações e reuniões com lideranças evangélicas em várias regiões do estado. Adalto, por sua vez, já possui base sólida tanto na capital quanto no interior, e vê em Edilson um aliado capaz de expandir sua influência em meio ao rebanho assembleiano.
O movimento vem sendo visto como estratégico pelo Partido Progressistas (PP), que tenta consolidar sua presença no eleitorado evangélico. Internamente, a aliança entre Adalto e Edilson começa a atrair parte significativa da base da igreja, incluindo jovens pastores e fiéis que defendem renovação política no segmento.

Entretanto, o avanço dos dois pré-candidatos tem provocado reações nos bastidores. Pastores mais antigos, tradicionalmente alinhados com Pastor Eurico, demonstram desconforto com o possível enfraquecimento de sua influência. Uma fonte próxima ao deputado federal revelou ao Eleições Brasil Sertão que, embora o movimento esteja ganhando força, “tudo ainda está no campo da especulação”.
Segundo essa mesma fonte, a posição do pastor-presidente da Assembleia de Deus em Pernambuco, Ailton José Alves, continua sendo determinante. “O pastor Ailton ainda não declarou nada oficialmente, mas se não quisesse essa aproximação, já teria travado. O fato de não ter feito isso mostra que, no mínimo, está permitindo — e talvez até desejando — essa movimentação. Isso preocupa, porque estão tentando levar os Da Fonte pra dentro da igreja, um pessoal que nem professa nossa fé, que não tem ligação com o nosso ministério”, disse a fonte.

O histórico recente reforça o clima de tensão. Em 2022, houve diversos episódios de conflito em igrejas pelo interior do estado envolvendo a candidatura de Adalto e do deputado federal Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP. Fiéis relataram a circulação de santinhos em templos com fotos de Adalto e Eduardo, sem a imagem de Pastor Eurico, o que gerou insatisfação e episódios de destruição de material de campanha dentro das próprias igrejas.
Com os ânimos ainda contidos, a dúvida que paira sobre a Assembleia de Deus é se o púlpito seguirá uníssono ou se, pela primeira vez em anos, haverá uma divisão explícita no apoio político. Em tempos de alta polarização e fé misturada com estratégia eleitoral, a disputa pelo voto evangélico promete ser um dos capítulos mais intensos das eleições de 2026 em Pernambuco.



