Brasília — A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas do bolsonarismo no Congresso e a mais votada do Brasil em 2022 com mais de 1 milhão de votos, anunciou que deixou o país após a condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A parlamentar, que também pediu licença do mandato, afirma ser vítima de perseguição política e promete denunciar o Judiciário brasileiro em instâncias internacionais.
Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos e 8 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por envolvimento em invasões a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que configura crime contra o Estado Democrático de Direito.
“Eles me ceifaram, mas quando acham que morri, é quando renasço das cinzas — como a fênix. Quando julgam que minha árvore da vida secou, é quando ela mais dará frutos”, afirmou a deputada em entrevista à Revista Oeste.
A decisão de sair do Brasil expõe também fissuras dentro da direita brasileira. Isolada, Zambelli teria sido preterida inclusive por Jair Bolsonaro. Durante os bastidores da campanha de 2022, o ex-presidente chegou a declarar que “perdeu votos” por causa da atuação polêmica da deputada às vésperas do segundo turno, quando ela foi flagrada perseguindo um homem negro armada pelas ruas de São Paulo.
A ausência de manifestações públicas de apoio por parte de líderes bolsonaristas após a condenação acentuou a narrativa de abandono. Nas redes sociais, apoiadores da deputada criticam a postura do PL e de figuras da direita, dizendo que Zambelli está sendo “chutada como um cachorro morto”.
Do outro lado, críticos da parlamentar argumentam que ela responde por ações ilegais graves e que o STF apenas cumpriu seu papel constitucional. A decisão da Corte foi tomada por maioria — nove dos onze ministros votaram pela condenação.
Zambelli, no entanto, não se considera derrotada. Ao anunciar sua saída do país, disse que irá denunciar “os abusos do sistema judiciário brasileiro” em fóruns internacionais. “Não me calarei. Se não posso lutar aqui, lutarei lá fora”, afirmou.
Com o afastamento da deputada, o suplente Gil Diniz, também conhecido como “Carteiro Reaça”, poderá assumir a vaga na Câmara dos Deputados.
A repercussão do caso reacende o debate sobre os limites da atuação política, os poderes do Judiciário e a fidelidade dentro dos grupos políticos que dominam o espectro da direita no Brasil.



