O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — como vice-presidente, está no centro de uma investigação da Polícia Federal por suspeita de participação em um esquema bilionário de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que o sindicato teve um aumento expressivo de faturamento: cerca de R$ 100 milhões em apenas três anos.
Fundado por Paulinho da Força (Solidariedade) nos moldes de sindicatos italianos, o Sindnapi é atualmente presidido por Milton Cavalo, filiado ao PDT e correligionário do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Apesar de levar o nome da Força Sindical, o comando da entidade está nas mãos de pedetistas desde 2021, evidenciando um cruzamento de interesses entre partidos da base aliada do governo Lula.
A investigação ganhou corpo após auditoria do TCU identificar que 482,8 mil novas filiações feitas pelo Sindnapi em 2023 coincidiram com a assinatura de contratos de crédito consignado. Embora a Corte tenha reconhecido indícios de “venda casada” — quando o consumidor é induzido a adquirir dois serviços simultaneamente —, nenhuma recomendação mais dura foi feita até o momento.
Nos tribunais, o sindicato tem vencido ações movidas por aposentados, anexando fichas de filiação, registros de reconhecimento facial e até vídeos nos quais os beneficiários confirmam o desejo de se associar. Em um desses casos, uma aposentada afirma: “Eu concordo em me associar ao Sindnapi, com desconto de 2,5% do valor do meu benefício.” Para advogados, porém, os beneficiários estariam sendo induzidos à filiação no momento em que procuram crédito consignado.
A atuação do Sindnapi levanta debates sobre a proteção dos aposentados, a relação entre sindicatos e instituições financeiras e, sobretudo, o uso político de entidades sindicais com forte ligação ao Palácio do Planalto.
O caso segue em investigação e pode abrir nova frente de desgaste para o governo federal, especialmente por envolver nomes próximos ao presidente Lula e aliados da base governista.



